A importância do Cerrado em cinco fatores

A importância do Cerrado em cinco fatores

O Cerrado brasileiro é vital para o enfrentamento das mudanças climáticas, tanto por sua capacidade de sequestro de carbono quanto por seu papel na regulação do ciclo hidrológico e na manutenção da biodiversidade.

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, atrás apenas da Amazônia, e assim como seu vizinho, desempenha um papel fundamental como aliado para o enfrentamento das mudanças climáticas.

Conhecido como a “caixa d’água do Brasil” por abrigar as nascentes de várias bacias hidrográficas importantes, como a do Rio Tocantins, Rio São Francisco e do Rio Paraná, o Cerrado abrange cerca de 2 milhões de km² e 25% do território nacional.

O bioma é também celeiro da produção de alimentos, onde uma combinação da inovação e do desenvolvimento técnico-científico brasileiro permitiu desenvolver sistemas de produção sustentável como a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), o plantio direto, o manejo biológico de pragas, entre outros, e transformou um solo originalmente ácido e de baixa fertilidade, em um dos mais eficientes do mundo.

E enfrenta desafios, como a pressão pelo desmatamento, com taxas superiores às registradas na Amazônia, os reflexos de secas e queimadas com consequente perda de biodiversidade, que ameaçam todo o seu potencial.

Às vésperas da data que marca a importância do bioma – o Dia do Cerrado é celebrado em 11 de setembro – veja a seguir cinco fatos que reforçam sua contribuição para a mitigação das mudanças climáticas.

Sumidouro de carbono 

As raízes profundas das plantas do Cerrado são especialmente importantes para o sequestro de carbono, pois penetram no solo, depositando carbono em camadas mais profundas, onde podem permanecer por longos períodos. Mesmo onde a vegetação é menos densa, como nas áreas de campo limpo, o solo pode conter uma quantidade significativa de carbono.

E dentre as técnicas agrícolas, sistemas como o plantio direto e o ILPF ampliam o potencial de acúmulo de carbono no solo.

Não existe um volume matemático exato, mas estudos recentes estimam que o Cerrado armazene cerca de 143 toneladas de carbono por hectare, um volume nada desprezível.

Berço das águas do Brasil

As espécies vegetais do Cerrado, devido às suas raízes profundas, têm uma capacidade única de acessar água subterrânea, o que permite que o bioma desempenhe um papel vital no ciclo hidrológico. Essas plantas auxiliam na recarga de aquíferos e no fluxo contínuo de rios, garantindo a manutenção dos recursos hídricos mesmo em períodos de seca.

Vale lembrar, ainda, que o Cerrado abriga as nascentes de oito das 12 bacias hidrográficas brasileiras, sendo essencial para a segurança hídrica do país.

A biodiversidade como escudo contra as mudanças climáticas

Quem avista o cenário que lembra uma savana ou deserto, pode não perceber, mas o Cerrado é uma das regiões mais biodiversas do planeta. O bioma tem mais de 6 mil espécies de árvores, muitas delas endêmicas, ou seja, não ocorrem em nenhum outro lugar do mundo.

Essa biodiversidade não é apenas um tesouro ecológico, como também fornece uma variedade de serviços ecossistêmicos que ajudam a amortecer os impactos das mudanças climáticas. Por exemplo, a diversidade de espécies vegetais e animais contribui para a resiliência do ecossistema, permitindo que o Cerrado se recupere de eventos climáticos extremos, como secas prolongadas e incêndios.

O impacto do desmatamento

Apesar de desacelerar nos primeiros cinco meses de 2024, o desmatamento no Cerrado ainda é preocupante, com projeções que indicam que o índice pode se aproximar do registrado em 2023, quando foi de 11 mil km², o maior desde 2015.

Esses dados mostram que o desmatamento ainda é um desafio. Por outro lado, muitas pesquisas mostram que há grande potencial para aumentar a produtividade sem a necessidade de abrir novas áreas, focando em práticas sustentáveis e no uso eficiente das terras já degradadas ou subutilizadas.

E uma (grande) oportunidade: conservação e manejo sustentável 

Todo esse contexto coloca a restauração de áreas degradadas do Cerrado e a adoção de manejo sustentável como pautas estratégicas para todo o país.

A produção de bioativos do Cerrado, conservando as áreas de mata nativa e gerando valor para produtores e investidores é a nova tendência sobre a qual a Bio2Me construiu seu modelo de atuação.

Ao operar áreas de vegetação nativa adotando manejo sustentável, gestão profissional e tecnologias como inteligência artificial para potencializar a produtividade, a Bio2Me oferece uma oportunidade para rentabilizar terras conservadas e gera não apenas valor financeiro. Trata-se de um novo modelo de produção que contribui com a manutenção dos recursos naturais, assegurando que o Cerrado mantenha os benefícios climáticos que proporciona.