A produção de bioativos e a valorização da terra

A produção de bioativos é uma alternativa inovadora, sustentável e promissora para agregar valor econômico às áreas de mata nativa conservadas

A produção de bioativos e a valorização da terra

A produção de bioativos em áreas de mata nativa conservada é uma estratégia que alia conservação ambiental com geração de renda. Além de aliar produção e floresta em pé e rentabilizar áreas que comumente são vistas como fonte de custos para proprietários rurais, a prática oferece uma solução inteligente para a valorização das áreas.

Terras agrícolas são consideradas um ativo real, com valores que vão seguir crescendo junto com os preços das commodities e a demanda por alimentos, e ainda representam um escudo contra a inflação. Segundo estudo da S&P Global Commodity Insights, o preço de imóveis rurais no Brasil quase dobrou em três anos, atingindo uma média de R$ 55,02 mil por hectare em 2023. Esse cenário demonstra a resiliência do agro.

De olho nessas oportunidades, a Bio2Me desenhou sua estratégia criando um modelo de operação de fazendas com excedente de vegetação nativa e áreas que necessitam de recuperação. A Bio2Me arrenda, faz parcerias com proprietários rurais ou adquire essas áreas e desenvolve manejo sustentável, gestão profissional, time especializado e multidisciplinar e tecnologias de inteligência artificial.

O objetivo é estruturar essa cadeia produtiva de olho em um mercado crescente para produtos de alto valor nutricional, os chamados super alimentos, e de bioativos para segmentos como a indústria farmacêutica e de cosméticos. E esse é um dos diferenciais do modelo da Bio2Me – ao operar diretamente essas áreas, garante eficiência e profissionalização da gestão enquanto o produtor rural segue focado na sua atividade core.

A estratégia eleva o potencial econômico das áreas conservadas e contribui de diferentes formas: da valorização por conta da atividade produtiva à redução de riscos ambientais, sociais e até regulatórios.

“A terra, quanto mais você usa, mais é possível melhorar a condição dela e mais valorização você agrega. Uma das principais razões que me fizeram investir no setor agro é a estabilidade que ele traz. Mesmo em momentos de maior turbulência no cenário econômico, o ativo representa um porto seguro. Empreendimentos como esse, da produção de bioativos nativos do Cerrado, ainda tem um longo caminho para trilhar. E as são perspectivas muito boas”, argumenta Vicente Parente, profissional de real estate e um dos investidores-anjo da Bio2Me.

Nordeste de Goiás tem potencial de valorização acima da média

A região escolhida para o início da operação da Bio2Me foi o nordeste goiano. Com uma atividade agrícola ainda em desenvolvimento, apresenta terras de baixo custo comparadas a outras regiões e índice de preservação de vegetação maior, potencializando as oportunidades de valorização.

O local vem recebendo obras de benfeitorias e infraestrutura, como pavimentação e construção de pontes. “A expectativa é que o valor do hectare da região irá dobrar nos próximos cinco anos”, afirma Marcio Campos, CFO da Bio2Me.

Campos e Claudio Fernandes, CEO da empresa, percorrem as propriedades regularmente, com apoio do time local da empresa, conversando com produtores rurais, comunidades que vivem da extração de sementes e castanhas nativas para melhorarem a cadeia de produção de bioativos do Cerrado.

Também buscam propriedades com excedente de mata nativa para arrendamento ou compra para a expandir sua produção. A expectativa é operar 10 mil hectares nesse primeiro ano e ampliar para 300 mil hectares em cinco anos.

No longo prazo, a produção de bioativos como o baru e a fava d’ Anta também é bastante rentável. As estimativas apontam que a rentabilidade de um hectare de baru ou fava d’anta será de 30% a 40% daqui sete anos, ante projeção de 10% a 20% da cultura da soja. Mais um fator que demonstra a viabilidade da atividade, que pode ser uma interessante fonte complementar para os produtores rurais.

Redução de riscos também valoriza a terra

Outros benefícios do modelo envolvem a redução de riscos de desmatamento ou incêndios e de conflitos com comunidades locais. Áreas com esses desafios bem gerenciados são as preferidas por investidores na busca de ativos sólidos para alocar seu capital e podem apresentar, ainda, um prêmio de risco menor nas atividades de crédito.

Esse contexto, aliado ao potencial de comercialização de bioativos, faz com que áreas de mata nativa conservadas se tornem ainda mais valiosas, reforçando a importância da preservação ambiental como um ativo econômico estratégico para o Brasil.​

O novo regulamento anti desmatamento da União Europeia, por exemplo, entra em vigor em janeiro do ano que vem e não permitirá a entrada de commodities ou qualquer produto que dependa de insumos agrícolas de áreas com desmatamento – mesmo que legal – após 2020. Assim, terras sem abertura de área recente também serão ainda mais valorizadas no mercado imobiliário.

E os benefícios não são apenas monetários. Esse modelo de produção está em linha com a sustentabilidade, baseado no manejo sustentável de espécies nativas do Cerrado, sem corte de árvores. Com isso, ajuda a conservar a biodiversidade, os recursos hídricos e o solo. Também tem efeitos positivos para o desenvolvimento das comunidades locais com novas fontes de renda e emprego, visto que esta é uma cadeia produtiva mais intensiva em mão de obra, especialmente na atividade de coleta desses ativos.