Bio2Me firma parceria para criar uma máquina de extração da castanha de baru

Resultado da parceria como órgãos de inovação e empreendedorismo, solução específica para o baru vai gerar eficiência, escala e qualidade ao produto final, além de aumentar a segurança dos trabalhadores

Bio2Me firma parceria para criar uma máquina de extração da castanha de baru

Melhorar as condições de produção do baru é essencial dentro da proposta de negócios da Bio2Me, baseada na estruturação de uma cadeia produtiva de manejo sustentável de bioativos da conservação e na rentabilização de áreas de mata nativa do Cerrado. 

Hoje, a extração da castanha do baru é realizada de maneira quase artesanal, com equipamentos mecânicos ou elétricos adaptados para a quebra do fruto e extração da castanha – uma a uma. Também não é raro encontrar pessoas nas comunidades fazendo a quebra com martelos, foice, morsa ou prensa.

Além de riscos de acidentes, esse processo é uma barreira para o ganho de escala na produção e atendimento de um mercado de rápido crescimento.

Transformar esse processo será o desafio a ser superado a partir da parceria da Bio2Me com a Embrapii, o Sebrae e o Polo de Inovação do Instituto Federal da Paraíba (IFPB). Os técnicos do IFPB vão desenvolver uma máquina de extração de baru de forma automatizada, rápida e segura. 

O fruto cai do baruzeiro quando está maduro e essa é a senha para que os pequenos agricultores e trabalhadores façam a coleta manual na mata. Ao chegar na unidade de beneficiamento, é preciso separar a castanha – que tem alto valor agregado, é rica em nutrientes e tendência entre os superalimentos – da polpa, um subproduto que pode ser aproveitado em farinhas para massas e bolos ou para nutrição animal. 

É nesta etapa do processo que equipamentos automatizados podem agilizar a produção, dar mais segurança e qualidade ao produto final.

Com o desenvolvimento de um equipamento para extração da castanha de baru, também será possível dar conta de características específicas do fruto, como diferenças de formato, tamanho da amêndoa e densidade, entre outros aspectos.

“Solicitamos amostras de baru à Bio2Me e vamos identificar e classificar todos os requisitos para criar um protótipo e fazer os testes. O dispositivo precisa quebrar o fruto, separar a amêndoa sem danificá-la, dentro dos padrões de segurança”
explica Salomão Medeiros,
que coordena um corpo técnico formado por engenheiros de software, mecânico, elétrico e de automação para o desenvolvimento da nova tecnologia. 

Salomão Medeiros

O primeiro protótipo em desenvolvimento, que será utilizado para os testes, deve processar até 25kg de baru por hora – volume hoje que só é alcançado com o trabalho de três pessoas. E esse desempenho deve evoluir ainda mais quando o equipamento estiver operando plenamente – a estimativa é que ele possa chegar a quebrar 250kg/hora. Ele deve estar concluído em dez meses.

Além do ganho de escala, essa otimização da produção vai permitir uma rearranjo dos trabalhadores da atual fábrica da Bio2Me – são 10 operadores atualmente, que poderão ser realocados em novas funções na própria unidade.

O dispositivo ainda vai aumentar o aproveitamento do fruto e dos seus subprodutos e reduzir custos e desperdícios por falta de padronização do processo de extração.

“Questões como eficiência e escala estão na base do desenvolvimento de sistemas de manufatura”, ressalta Salomão, que também é o coordenador do Polo de Inovação do IFPB. 

O órgão foi criado em 2018 para atender a demandas das cadeias produtivas, principalmente em P&D, projetos de inovação e extensão tecnológica em diversas áreas da indústria. O Polo é credenciado à Embrapii – uma das principais responsáveis pela inovação na agroindústria brasileira.

“Nossa visão, de estruturar uma cadeia produtiva – da semente à mesa – nos impõe a necessidade de estarmos sempre atentos em todas as etapas e buscar as melhores parcerias e soluções. Isso é essencial para desenvolvermos o mercado de bioativos do Cerrado equilibrando manejo sustentável, conservação do bioma e viabilidade econômica”, explica Marcio Campos, CFO da Bio2Me, responsável pelo contrato com o IFPB.

Grande parte do investimento financeiro para a criação advém de recursos de fomento à inovação para startups dos órgãos parceiros do projeto – Embrapii, Sebrae e IFPB – e 15% é de recurso próprio da Bio2Me.