Por que investir na conservação do Cerrado é um bom negócio para investidores e para produtores agropecuários

Modelo da Bio2Me se baseia na operação de fazendas e produção de bioativos nativos com retornos financeiros significativos ao longo de 20 anos. Sem cortar nenhuma árvore.

Por que investir na conservação do Cerrado é um bom negócio para investidores e para produtores agropecuários Luziânia-GO

Quando os empreendedores Claudio Fernandes e Marcio Campos idealizaram a Bio2Me, eles buscavam uma alternativa para gerar rendimentos em uma propriedade herdada do pai por Fernandes. Nesse caminho, eles despertaram para a oportunidade de construir um modelo de negócios baseado na riqueza da biodiversidade encontrada no Cerrado.

Eles deram início ao negócio há quase dois anos e meio e idealizaram a Bio2Me como uma operadora de fazendas – que promove o manejo sustentável da vegetação nativa e de áreas que necessitam de recuperação, um modelo que une gestão profissional, time especializado e multidisciplinar, além de tecnologias de inteligência artificial, que permitem identificar as espécies de bioativos de grande valor comercial encontradas nessas áreas.

O negócio tem chamado a atenção de investidores, produtores rurais e até mesmo da indústria.

Antònio Nuno Verças, profissional do mercado financeiro, ex-presidente do Banco Cetelem, e Vicente Parente, que atua na área de real estate e tem mais de 30 anos de experiência no mercado imobiliário, abraçaram a proposta tão logo tiveram conhecimento e tornaram-se investidores anjo da empresa ainda em 2022. As experiências distintas e complementares dos profissionais contribuíram com insights valiosos para o desenvolvimento da empresa, que também serviram de apoio em rodadas de apresentação da startup em feiras de negócios e eventos para outros potenciais investidores.

Mercado para os bioativos 

Projeções indicam que é possível duplicar os investimentos com a comercialização de bioativos em cinco anos. Em 20 anos, os ganhos podem ser mais substanciais, com taxas de rendimento anual entre 20% e 25%. 

“O desenvolvimento de um baruzeiro (dipteryx alata) leva sete anos, em média, mas uma vez na fase adulta, as árvores geram frutos por muitos e muitos anos. Por outro lado, o processo em si não demanda investimentos contínuos como no caso do agro tradicional, que envolve plantio anual, aquisição de maquinários pesados, uso intensivo de defensivos agrícolas, entre outros. Estamos investindo também em um viveiro de mudas que, no futuro, comportará espécies ainda mais produtivas, a partir do melhoramento genético. Outras técnicas de manejo também elevam nossa produtividade”, explica Fernandes, o CEO da empresa. 

E isso, sem se utilizar da monocultura, mas da produção consorciada com outras espécies, conservando as condições atuais. 

“Para se ter uma ideia, comparado a uma cultura mais tradicional como a soja, por exemplo, um hectare de baru ou fava d’anta tem estimativa de gerar receitas de aproximadamente R$ 40 mil daqui a sete anos. Um hectare de soja tem faturamento médio de R$ 10 mil safra/ano. De rentabilidade, a soja vai gerar entre 10% e 20%, mas nossa estimativa com os bioativos é de 30% a 40%”, acrescenta Campos, que é o CFO da Bio2Me.

A produção inicial vem da compra dos bioativos de pequenos agricultores e cooperativas, o que também é essencial para ajudar a estruturar a cadeia produtiva. Eles são beneficiados em uma pequena unidade industrial instalada pela Bio2Me em Vila Boa (GO) e posteriormente comercializados. Em 2023, em uma safra piloto, foram adquiridas 100 toneladas de castanha de baru – volume que vai se multiplicar por dez em 2024, chegando a 1.000 toneladas – a safra do baru vai de agosto a outubro. 

Mas o negócio deve ganhar escala mesmo com investimentos em áreas cedidas em parceria ou arrendadas para manejo e produção dos bioativos. Para isso, a empresa espera atrair cerca de R$ 8 milhões e R$ 10 milhões em rodada de captação. Esses recursos vão acelerar a operação – do arrendamento de terras à estruturação da empresa que hoje já conta com 22 funcionários.

“No primeiro ano de operação teremos 10 mil hectares sob nossa gestão e a nossa meta é de operarmos 300 mil hectares em cinco anos”, acrescenta o CFO.

O foco é operar fazendas com gestão profissional, manejo técnico e especializado, com processos de governança e tecnologia em áreas preservadas ou com necessidade de recuperação. Até mesmo áreas de Reserva Legal ou com excedentes de vegetação nativa de propriedades rurais podem se tornar oportunidades de geração de receitas adicionais para o produtor rural que, junto com os investidores, forma o público-alvo de clientes e parceiros da empresa.


Porque investi na Bio2Me

“O meu processo passa muito por acreditar na tese e isso tem basicamente três componentes: primeiro, se tem viabilidade e aderência ao momento, ou seja, no caso da bioeconomia, de aproveitar bioativos que atendem cadeias de valor de necessidade cada vez maiores; o segundo fator é a escalabilidade, principalmente com a dimensão do Brasil; e o terceiro é o compromisso dos fundadores com o projeto. Vi realmente alguém que acredita que preservar é importante, que acredita que esses bioativos brasileiros têm um valor muito grande.
Consigo visualizar uma capacidade de multiplicar por muito os valores. A gente já fez exercícios. Temos sido extremamente conservadores, porque os números realmente são enormes.
Além disso, sou pai de quatro crianças, então, para mim, o tema do longo prazo, para além da minha própria existência, é algo que me preocupa.”

Antònio Nuno Verças, investidor-anjo. Profissional do mercado financeiro, ex-presidente do Banco Cetelem, da área de investimentos do BNP Paribas no Brasil, e gestor de operações nas áreas financeira e energética.

Oportunidades de retorno financeiro

As possibilidades de retorno financeiro são inúmeras: se considerar apenas o baru, ele vem ganhando status de superalimento por suas propriedades nutricionais, chamando a atenção até mesmo da indústria cosmética. Do fruto, tudo se aproveita: a castanha tem alto valor nutricional, assim como a polpa – que pode ser utilizada como farinha para pães e bolos –, além da casca, que se transforma em biomassa para geração de energia. A árvore ainda pode gerar sombra e alimento para o gado. Estudos da Embrapa Cerrado demonstraram a viabilidade do baruzeiro em sistemas ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta). 

Outras espécies nativas do Cerrado também são avaliadas pela Bio2Me que, em 2024, já beneficiou a primeira safra de fava d’anta, fruto de uma árvore leguminosa que, entre outras características, produz bioflavonóides de propriedades farmacêuticas. E pretende buscar novos bioativos com perfil semelhante – garantia de geração de receita, mantendo a vegetação nativa e o Cerrado em pé. 

Segundo artigo publicado na revista de pesquisas sobre mercados Fact.MR e divulgado pela Embrapa Cerrados, a previsão de crescimento da comercialização do baru é de 25% ao ano entre 2019 e 2029. Atualmente, quase metade da produção é exportada – 25% para Europa e outros 22% para os Estados Unidos. “Um salto tão grande na avaliação de mercado ocorre porque a demanda por castanha de baru cresce em todo o mundo e provavelmente irá disparar a um CAGR astronômico de 24,8% até 2032”, escreve a publicação que aponta que, além dos produtos alimentares, vem crescendo a atenção ao baru na indústria de cosméticos e cuidados pessoais. 

E se nenhum desses atrativos for suficiente para chamar a atenção do mercado, a valorização da terra é um retorno garantido no investimento. A região escolhida para o início da operação da Bio2Me, o nordeste goiano, ainda tem menor atividade agrícola, com terras de baixo custo comparadas às regiões mais valorizadas e índice de preservação maior. O local vem recebendo obras de benfeitorias e infraestrutura, como pavimentação e construção de pontes. A expectativa é que o valor do hectare vai dobrar nos próximos cinco anos.

“É um investimento com a solidez do agro”, afirma Parente, com sua experiência no mercado imobiliário. Esse foi um dos aspectos que chamaram a sua atenção para o investimento. 

O conhecimento dos fundadores e sua proximidade com o campo são outros atributos valorizados. Os cariocas Fernandes e Campos falam com desenvoltura sobre as fitofisionomias do Cerrado (tipos de vegetação), desenvolvimento de mudas e técnicas de manejo. Eles fazem questão de conhecer e entender a região. Fernandes já era produtor rural. Junto com Campos, ele percorre as propriedades regularmente, com apoio do time local da Bio2Me. Em algumas dessas visitas, levam os investidores para conferir na prática a realidade da região. 

“Contamos com um time de habilidades multidisciplinares, desde profissionais da região, que conhecem e vivenciam a cadeia dos frutos do Cerrado por toda a vida, a profissionais de mercado, com experiência em operações, comercial e desenvolvimento de portfólio. Todos dedicados a encontrar as melhores terras, conectá-las a grandes investidores e construir a cadeia de produção da semente à mesa”, resume o CEO do grupo Bio2Me, formado também por negócios complementares que inclui a id2t, que desenvolveu a tecnologia baseada em IA e IoT, um viveiro para produção de sementes e mudas nativas do Cerrado e a Vista, indústria de transformação de alimentos. Completa a estrutura, a Be+, braço social que atua na capacitação de comunidades para o manejo sustentável de bioativos.


Porque investi na Bio2Me

“Uma das principais razões que me fizeram investir no agro é sua estabilidade. Além do potencial de valorização da terra, ele representa uma âncora para o investidor.
E a Bio2Me apresenta um enfoque diferente do agribusiness tradicional, na forma como ele deve ser tratado de agora para o futuro, unindo inovação tecnológica e operacional. Não representamos uma ameaça ao agro tradicional. Não somos adversários. Muito pelo contrário, somos parceiros! Promovemos um negócio complementar, ajustando esse produtor tradicional, seja ele de soja ou de milho, a monetizar também as suas áreas de Reserva Legal. Nossa proposta é desenvolver essas áreas, manejando seus ativos de forma sustentável, proporcionando ao proprietário da terra receitas alternativas, unindo ainda preservação ambiental e impacto social positivo.
Tenho muita confiança de que essa empreitada tem tudo para trazer bons resultados para investidores e parceiros ao mesmo tempo em que deixa um legado de respeito ao meio ambiente para as futuras gerações.”

Vicente Parente, investidor-anjo. Profissional de real estate e com mais de 30 anos de experiência no mercado imobiliário.

 

O negócio tem se destacado também entre empresas e organizações como o Programa Soja Sustentável do Cerrado (PSSC), de fomento a soluções para o desenvolvimento agrícola livre de desmatamento e conversão de terras, liderado por AgTech, parte da rede da PwC, e Land Innovation Fund (LIF), e apoio estratégico da Cargill, CPQD, Embrapa e Embrapii. A Bio2Me foi uma das startups selecionadas em 2023 e utilizou o seu sistema de rede neural para mapear fazendas produtoras de soja com potencial para também produzir bioativos do Cerrado. Além dessa parceria, a Nestlé selecionou a Bio2Me para integrar a sua plataforma de inovação aberta, o Panela Nestlé, para o ciclo de 2024.

Essas são demonstrações do potencial do trabalho planejado por Fernandes e Campos e das necessidades da região por novas ideias, modelos e tecnologias que possam apoiar o desenvolvimento do agronegócio de forma sustentável.

Valorização de investimentos

Em 5 anos: 100%
Em 20 anos: rendimento anual entre 20% a 25%

Mais lucrativo

Hectare de baru e fava d’anta*
Faturamento médio: R$ 40 mil safra/ano
Rentabilidade: 30% a 40%*Estimativa de retorno com operação plena, a partir de 10 anos,
qua
ndo as árvores atingem a fase adulta.

Hectare de soja
Faturamento médio: R$ 10 mil safra/ano
Rentabilidade: 10% a 20%